quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O vírus da inveja é a deformação de uma projeção

*Nilson de Jesus Ericeira Sousa

O vírus da inveja é a deformação de uma projeção

A inveja é tão vil e vergonhosa que ninguém se atreve a confessá-la, mas dissimulá-la. Em determinadas situações não é possível esconder, pois o invejoso traz características estampadas na cara do detentor, possuidor-proprietário, cujos sujeitos passivos são as pessoas com quem se relaciona ou além delas.

Ao longo dos anos, principalmente depois que comecei a estudar e trabalhar, após meus 17 anos de idade, e quando me ensinaram a ter prazer pela leitura, logo após à minha vida para a Seduc, digo vinda, tenho percebido que cada vez aumenta mais o número de invejosos, principalmente nos ambientes de trabalho, na vizinhança, na igreja, na política, na disputa de poderes e onde quer que haja disputa por alguma coisa, principalmente se esta coisa for material. Mas isso não é um mal só desses espaços. A inveja é uma fraqueza humana de quem se projeta nos outros para realizar seus sonhos, chega ao ponto do invejoso, portador do vírus transmissor, até se ver substituído, idealizado, encarnado num ser inocente que as vezes nem percebe, mas a todo instante está sendo molestado por muxoxos, por perseguições e outras práticas, por gestos outros de repulsa ante uma presença que o ameaça. Para que haja realização plena do invejoso, antes a sua vítima não existisse, pois ela lhe provoca náuseas, tristeza na aparente alegria. Os detentores desse vírus do mal, a inveja, até conseguem escamotear por algum tempo sua rejeição excessiva à outra da pessoa, chamando-o de amigo, presenteando-o, desejando-lhe muitas felicidades, mas no fundo, no seu íntimo se corrói, a sua bile dilacera enquanto não suga o sangue de sua vítima. Para o invejoso, o sucesso do outro é a sua desgraça permanente. É a sua própria morte. Fator que o faz perseguir, tentar destruí-lo e até eliminá-lo, tirando-o de seu caminho, não se importando com os métodos.

O invejoso tem uma característica quase comum a todos que detém esse vírus: é bajulador e dissimulado. É desonesto consigo próprio e com o mundo... Ancorado na mentira e hipocrisia, julga-se o melhor de todos, mas consome-se ante ao insucesso iminente. Rir de si, pensando rir dos outros. E tece seu próprio veneno. Tem mais tempo, aliás, perde seu tempo admirando-se, é narciso, ama-se tanto, esquecendo-se de si, que se destrói numa projeção impossível: a de ser igual à sua vítima. Sempre quer ser o outro, mas esse é um desejo inatingível. Lendo a sua face, analisando seus elogios forçados, seus disfarces, quase imperceptíveis, sua voz alternante, seu riso às vezes sonoro, mas amarelo e entre os dentes, somos capazes de identificá-los.

Não sou especialista neste assunto, embora vítima, o abomino, mas entendo problemática relevante para que menos vítimas sejam afetadas por esse mal. Trata-se de um convívio anti-social, asqueroso cujas vítimas sofrem mutilações que vão da injúria, infâmia, difamação à propalação de inverdades que se caracterizam como se verdade fossem e, alastram-se, proporcionando prejuízos à vida e a moral das pessoas. Chega a afetar a família, fazendo a vítima sofrer prejuízos financeiros e causar desestabilidade emocional. A impressão que temos é que os mentirosos são coroados, mas que, travestidos em suas hipocrisias, no seu farto repertório, inclui-se a bajulação. Vis e imorais, rastejam-se feito bichos...

Quando fazemos menção a um caráter deformado, temos dificuldade de compará-lo mesmo sabendo que se trata de gente que precisa ser tratada, precisa de piedade e muito cuidado, principalmente por parte de suas presas que, de aparente amigas, terem suas vidas destroçadas.

*Nilson de Jesus Ericeira Sousa

Poeta, jornalista, professor, psicopedagogo e estudante de Direito

 
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